confissões de uma mente sem lembranças
(ou brilho eterno de uma mente perigosa)

domingo, março 12, 2006

A incongruência do tempo

Estou conseguindo respirar faz 15 minutos e tenho achado esquisito. Se ninguém me der nada para fazer nos próximos momentos vou desconfiar de que está começando a quinzena mamata do mês. Cuja existência é uma das vantagens de trabalhar numa revista em vez de num jornal, embora o tempo livre nos faça aceitar frilas que só serão concluídos na quinzena irrespirável. Começo a me adaptar: os dias praticamente livres duram o suficiente para eu preguiçar até cansar da insustentável inutilidade do ser, e os dias cheios rendem o bastante para dar uma saudade desmedida de preguiçar. O foda é que estão me roubando nesta conta, porque a quinzena em que não respiro é mais longa. Alguém poderia argumentar que, sendo metade do mês, não poderia ser maior que a outra metade, mas é sim. Para não desmerecer nenhuma delas, encaixo minhas ressacas em ambas. E agora terei de voltar a encontrar tempo para as aulas, sem perder a média razoável de uma viagem por mês. Continuo assustada com a pressa do tempo, que eu jurava que ia acalmar com a mudança da rotina. Vai fazer três meses que o ano começou, e, não fossem as quinzenas durarem um mês, estaria certa de que 2006 teve só uns 20 dias.